pés pequenos

Eu vi um cara outro dia no metrô. Ele tinha os pés pequenos. Essa é uma característica que sempre chama a minha atenção.  Homens com pés e mãos pequenas nunca me atraíram muito. Como ele se sustenta com esses pezinhos – pensei.  Meu pensamento é interrompido no momento em que o trem se aproxima da estação. Não te dá vertigem ficar muito próximo ao vão por onde os trens passam? Evito olhar para os trilhos. Sinto meus pés firmes balançarem, as portas se abrem, salto para dentro do vagão e sigo para o meu destino. Perdi o cara de vista.

5 estações e algumas escadas rolantes depois.

Ando pela rua com passos nervosos pensando a respeito do compromisso que me aguarda. Sinto-me como um prisioneiro condenado à prisão perpétua, e passo a considerar as consequências de fugir e voltar para o aconchego do lar. Sem chance, meu superego trata de reprimir este pensamento.  Cheguei!

Não esperava encontrar tanta gente na frente do prédio. Obviamente, todos com o mesmo compromisso marcado. Esse lance de fazer provas eliminatórias estimula o espírito competitivo e com certeza despertam algo na boca do estômago, sejam borboletas ou não.

Decido entrar, pois, por algum motivo permanecer “à vista” me faz sentir uma gazela em meio a leões. Garanto não ser uma sensação legal. Olho para frente e para os lados captando o ambiente e tentando adivinhar para onde devo me encaminhar. Nesse instante, um susto. Olha lá o moço do metrô. Veja só, ele está indo para o mesmo lugar que eu. Uau, ele está entrando na mesma sala que eu. Que estranho, ele foi designado para sentar ao meu lado durante a prova. De quantas coincidências a vida é feita, não é mesmo?  Ele até que é um cara bonito. Mas, tem os pés pequenos.

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