Despedida

Foi ai que ele me perguntou:
– Ainda beija meu retrato?
Pude sentir uma onda de calor e vergonha percorrendo meu corpo. E talvez por disfarçe ao tom rosa que tomou meu rosto, respondi-lhe rapidamente o contrário do que vinha fazendo.
Quase que por um segundo, podia jurar uma expressão de desapontamento, mas que logo foi substituída por um esboço de sorriso seguido de um adeus.
Seja talvez por isso minha angústia perante despedidas. Sempre tão constrangedoras. Foi assim também há alguns anos atrás. Dizem que perder um amor doí mais que perder uma amizade, pois não acho. Me separar de amigos, com as quais passei boa parte de minha vida, foi tão doloroso quanto renunciar a este amor. Não que tenha tido muitos, mas o suficiente para adquirir certo conhecimento.
Mas dessa vez era diferente. Não era uma despedida qualquer, mas sim uma especial. Uma despedida que levou cinco minutos para acontecer, mas iria durar para sempre. Sabia que passaria muitos dias dali para frente revivendo-a. Me deparei com o fim… E como se estivesse em meio a um completo vácuo de sentimento girei os calcanhares e dei as costas àquele que durante tanto tempo fez parte de um sonho antes de se tornar real; talvez para dar fim a minha angústia, talvez para encurtar a lembrança que me atormentaria dali pra frente.